APRESENTAÇÃO

   

Coralidades Performativas é um conceito que nomeia as práticas artísticas que não expressam a subjetividade, a elaboração poética ou o posicionamento sócio-político de uma única pessoa, mas configuram ações engendradas por um conjunto de corporalidades, no campo da Arte da Performance, nos núcleos que dão seguimento às práticas performativas da tradição de um grupo social – Performances Culturais -, assim como nas nas ações que unem ativismo e arte, criando imagens subversivas, transgressoras, contra hegemônicas, que questionam os estereótipos de comportamento, gênero, classe e raça, criticam as relações de poder ou inventam novas relações e partilhas entre artistas e público. Nessa visada, enfocamos “práticas performativas, rituais e imagens cênicas que dizem respeito às coletividades”.
Nessa perspectiva, o termo não se aplica às diversas modalidades do coro teatral que, ao longo da história e em diferentes culturas, serviram como forma cênica complementar às ações dialogadas e aos monólogos, para desenvolver as narrativas ficcionais. As formas cênicas corais ocidentais nasceram do ditirambo grego que misturava, numa mesma ação, canto, dança, poesia declamada e o uso de máscaras. Esta manifestação deu origem ao coro das tragédias clássicas, que exercia o papel de comentar as ações dos protagonistas, espelhando o senso comum. Ao longo dos séculos, as formas corais desenvolveram-se, passando pelos “quadros vivos” montados em palcos simultâneos nas praça públicas na Idade Média, até as funções dramatúrgicas que foram revolucionadas na proposta brechtiana, que se desdobraram nos “efeitos de coralidade” da teatro contemporâneo.
As coralidades performativas diferem das coralidades teatrais porque são modos de ocupação de corpos em potência nos espaços que instauram imagens, sonoridades e ações poéticas que não estão necessariamente a serviço de narrativas pessoais ou do esclarecimento de acontecimentos históricos ao público. O confronto do espectador com a presença de corpos que não mimetizam as ações do cotidiano e são ampliados por arquiteturas visuais da ordem do extraordinário, revelando imagens com força simbólica para operar o estranhamento crítico do real. O efeito de coralidade se materializa de forma uníssona, quando a mesma imagem ou ação é replicada em vários corpos, ou polifônica, quando a diversidade das figuras e ações que ocupam o mesmo tempo e espaço formam um corpo coletivo que revela estados psíquicos, situações sociais, ações poéticas e posicionamentos políticos que dizem respeito a um determinado grupo social.

FICHA TÉCNICA

Laboratório de Práticas Performativas da USP 

Proposta e coordenação da pesquisa – Marcos Bulhões 

Edição de vídeos e apoio na pesquisa de materiais bibliográficos e videográficos na internet – Igor Amarante, Lucas Abner, Breno Furini, Nadja, Beatriz Perelon, Carlos Alberto e Cynthia Fernandes (Bolsistas PUB/Pró Reitoria de Graduação da USP). 

Web Designer – Igor Amarante